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UERJ Vestibular de 2010 - Exame Discursivo - Língua portuguesa e literatura brasileira

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2 fase exame discursivo 13/12/2009 l ngua portuguesa / literatura brasileira caderno de prova Este caderno, com dezesseis p ginas numeradas sequencialmente, cont m dez quest es de L ngua Portuguesa/ Literatura Brasileira. N o abra o caderno antes de receber autoriza o. instru es 1. Verifique se voc recebeu mais dois cadernos de prova. 2. Verifique se seu nome, seu n mero de inscri o e seu n mero do documento de identidade est o corretos nas sobrecapas dos tr s cadernos. Se houver algum erro, notifique o fiscal. 3. Destaque, das sobrecapas, os comprovantes que t m seu nome e leve-os com voc . 4. Ao receber autoriza o para abrir os cadernos, verifique se a impress o, a pagina o e a numera o das quest es est o corretas. Se houver algum erro, notifique o fiscal. 5. Todas as respostas e o desenvolvimento das solu es, quando necess rio, dever o ser apresentados nos espa os apropriados, com caneta azul ou preta. N o ser o consideradas as quest es respondidas fora desses locais. informa es gerais O tempo dispon vel para fazer as provas de cinco horas. Nada mais poder ser registrado ap s o t rmino desse prazo. Ao terminar, entregue os tr s cadernos ao fiscal. Ser eliminado do Vestibular Estadual 2010 o candidato que, durante as provas, utilizar m quinas de calcular, rel gios digitais, aparelhos de reprodu o de som ou imagem com ou sem fones de ouvido, telefones celulares ou fontes de consulta de qualquer esp cie. Ser tamb m eliminado o candidato que se ausentar da sala levando consigo qualquer material de prova. boa prova! l ngua portuguesa / literatura brasileira Texto I Tempo da camisolinha 5 10 15 20 25 30 Toda a gente apreciava os meus cabelos cacheados, t o lentos! e eu me envaidecia deles, mais que isso, os adorava por causa dos elogios. Foi por uma tarde, me lembro bem, que meu pai suavemente murmurou uma daquelas suas decis es irrevog veis: preciso cortar os cabelos desse menino. Olhei de um lado, de outro, procurando um apoio, um jeito de fugir daquela ordem, muito aflito. Preferi o instinto e fixei os olhos j lacrimosos em mam e. Ela quis me olhar compassiva, mas me lembro como si fosse hoje, n o aguentou meus ltimos olhos de inoc ncia perfeita, baixou os dela, oscilando entre a piedade por mim e a raz o poss vel que estivesse no mando do chefe. Hoje, imagino um ego smo grande da parte dela, n o reagindo. As camisolinhas, ela as conservaria ainda por mais de ano, at que se acabassem feitas trapos. Mas ningu m percebeu a delicadeza da minha vaidade infantil. Deixassem que eu sentisse por mim, me incutissem aos poucos a necessidade de cortar os cabelos, nada: uma decis o antiga, brutal, impiedosa, castigo sem culpa, primeiro convite s revoltas ntimas: preciso cortar os cabelos desse menino . Tudo o mais s o mem rias confusas ritmadas por gritos horr veis, cabe a sacudida com viol ncia, m os en rgicas me agarrando, palavras aflitas me mandando com raiva entre piedades infecundas, dificuldades irritadas do cabeleireiro que se esfor ava em ter paci ncia e me dava terror. E o pranto, afinal. E no ltimo e prolongado fim, o chorinho dolorid ssimo, convulsivo, cheio de visagens pr ximas atrozes, um desespero desprendido de tudo, uma fixa o emperrada em n o querer aceitar o consumado. Me davam presentes. Era raz o pra mais choro. Ca oavam de mim: choro. Beijos de mam e: choro. Recusava os espelhos em que me diziam bonito. Os cad veres de meus cabelos guardados naquela caixa de sapatos: choro. Choro e recusa. Um n o conformismo navalhante que de um momento pra outro me virava homem-feito, cheio de desilus es, de revoltas, f cil para todas as ruindades. De noite fiz quest o de n o rezar; e minha m e, depois de v rias tentativas, olhou o lindo quadro de Nossa Senhora do Carmo, com mais de s culo na fam lia dela, gente empobrecida mas diz-que nobre, o olhou com olhos de implora o. Mas eu estava com raiva da minha madrinha do Carmo. E o meu passado se acabou pela primeira vez. S ficavam como demonstra es desagrad veis dele, as camisolinhas. Foi dentro delas, camisolas de fazendinha barata (a gloriosa, de veludo, era s para as grandes ocasi es), foi dentro ainda das camisolinhas que parti com os meus pra Santos, aproveitar as f rias do Tot sempre fraquinho, um junho. M RIO DE ANDRADE Contos novos. S o Paulo: Martins; Belo Horizonte: Itatiaia, 1980. 3 l ngua portuguesa / literatura brasileira 01 Observe o fragmento: As camisolinhas, ela as conservaria ainda por mais de ano, ( . 8-9) Indique o termo ao qual o pronome pessoal obl quo se relaciona. Em seguida, classifique sintaticamente esse pronome. 02 M rio de Andrade um escritor conhecido pela adjetiva o expressiva e original que utiliza em seus textos, como nos exemplos sublinhados abaixo: Toda a gente apreciava os meus cabelos cacheados, t o lentos! ( . 1) palavras aflitas me mandando com raiva entre piedades infecundas, ( . 15-16) Descreva o valor expressivo dos dois adjetivos e explique por que o emprego de cada um deles peculiar. 4 VESTIBULAR ESTADUAL 2010 2 fase EXAME DISCURSIVO l ngua portuguesa / literatura brasileira 03 Considere os diferentes processos de forma o das palavras sublinhadas no fragmento abaixo. Um n o conformismo navalhante que de um momento pra outro me virava homem-feito, ( . 2 2-23) Nomeie tais processos e classifique os elementos que comp em cada palavra. 5 l ngua portuguesa / literatura brasileira Texto II Onde est s? meia-noite... e rugindo E tu n o queres qu eu fique Passa triste a ventania, Solit rio nesta vida... Como um verbo de desgra a, 20 Mas por que tardas, querida?... Como um grito de agonia. E eu digo ao vento, que passa Vem depressa, que eu deliro Por meus cabelos fugaz: 5 J tenho esperado assaz... Oh! minh amante, onde est s?... Vento frio do deserto, Onde ela est ? Longe ou perto? Mas, como um h lito incerto, Estrela na tempestade, 25 Rosa nos ermos da vida; Responde-me o eco ao longe: ris1 d o n ufrago errante, Oh! minh amante, onde est s?... 10 Ilus o d alma descrida 2! Tu foste, mulher formosa! Tu foste, filha do c u!... Vem! tarde! Por que tardas? S o horas de brando sono, 30 ... E hoje que o meu passado Vem reclinar-te em meu peito Com teu l nguido abandono!... Vendo finda a minha sorte, St vazio nosso leito... Pergunto aos ventos do Norte... St vazio o mundo inteiro; 15 Para sempre morto jaz... Oh! minh amante, onde est s?... CASTRO ALVES Espumas flutuantes e outros poemas. S o Paulo: tica, 1998. V ocabul rio: 1 ris - paz, bonan a 2 descrida - que n o cr 6 VESTIBULAR ESTADUAL 2010 2 fase EXAME DISCURSIVO l ngua portuguesa / literatura brasileira 04 St vazio nosso leito... St vazio o mundo inteiro; ( . 16-17) Nos versos acima, est o presentes figuras de linguagem como recursos estil sticos. Nomeie duas delas, explicando o efeito expressivo obtido com seu emprego. 05 No texto II, h uma forma verbal que expressa uma s plica feita pelo eu l rico mulher amada. Identifique essa forma verbal e as respectivas flex es de pessoa e modo. 7 l ngua portuguesa / literatura brasileira Texto III O comprador de fazendas O acaso deu a Trancoso uma sorte de cinquenta contos na loteria. N o se riam. Por que motivo n o havia Trancoso de ser o escolhido, se a sorte cega e ele tinha no bolso um bilhete? Ganhou os cinquenta contos, dinheiro que para um p -atr s daquela marca era significativo de grande riqueza. 5 10 De posse do bolo, ap s semanas de tonteira deliberou afazendar-se. Queria tapar a boca ao mundo realizando uma coisa jamais passada pela sua cabe a: comprar fazenda. Correu em revista quantas visitara durante os anos de malandragem, propendendo, afinal, para a Espiga. Ia nisso, sobretudo, a lembran a da menina, dos bolinhos da velha e a ideia de meter na administra o ao sogro, de jeito a folgar-se uma vida vadia de regalos, embalada pelo amor de Zilda e os requintes culin rios da sogra. Escreveu, pois, a Moreira anunciando-lhe a volta, a fim de fechar-se o neg cio. Ai, ai, ai! Quando tal carta penetrou na Espiga houve rugidos de c lera, entremeio a bufos de vingan a. 15 agora! berrou o velho. O ladr o gostou da p ndega e quer repetir a dose. Mas desta feita curo-lhe a balda1, ora se curo! concluiu, esfregando as m os no antegozo da vingan a. No murcho cora o da p lida Zilda, entretanto, bateu um raio de esperan a. A noite de sua alma alvorejou ao luar de um Quem sabe? N o se atreveu, todavia, a arrostar2 a c lera do pai e do irm o, concertados ambos num tremendo ajuste de contas. Confiou no milagre. Acendeu outra velinha a Santo Ant nio... 20 O grande dia chegou. Trancoso rompeu tarde pela fazenda, caracolando o rosilho 3. Desceu Moreira a esper -lo embaixo da escada, de m os s costas. Antes de sofrear4 a s r deas, j o am vel pretendente abria-se em exclama es. Ora viva, caro Moreira! Chegou enfim o grande dia. Desta vez, compro-lhe a fazenda. 25 Moreira tremia. Esperou que o biltre5 a peasse e mal Trancoso, lan ando as r deas, dirigiu-se-lhe de bra os abertos, todo risos, o velho saca de sob o palet um rabo de tatu e rompe-lhe para cima com mpeto de queixada 6. Queres fazenda, grandiss ssimo tranca 7? Toma, toma fazenda, ladr o! e lepte , lepte , finca-lhe rijas rabadas col ricas. 30 O pobre rapaz, tonteando pelo imprevisto da agress o, corre ao cavalo e monta s cegas, de passo que Zico lhe sacode no lombo nova s rie de lambadas de agravad ssimo ex-quase-cunhado. Dona Isaura ati a-lhe os c es: Pega, Brinquinho! Ferra, Joli! 35 O mal azarado comprador de fazendas, acuado como raposa em terreiro, d de esporas e foge toda, sob uma chuva de insultos e pedras. Ao cruzar a porteira inda teve ouvidos para distinguir na grita os desaforos esgani ados da velha: Comedor de bolinhos! Papa-manteiga! Toma! Em outra n o h s de cair, ladr o de ovo e car !... 8 VESTIBULAR ESTADUAL 2010 2 fase EXAME DISCURSIVO l ngua portuguesa / literatura brasileira E Zilda? Atr s da vidra a, com os olhos pisados do muito chorar, a triste menina viu desaparecer para sempre, envolto em uma nuvem de p , o cavaleiro gentil dos seus dourados sonhos. 40 Moreira, o caipora 8, perdia assim naquele dia o nico neg cio bom que durante a vida inteira lhe deparara a Fortuna: o duplo descarte da filha e da Espiga... MONTEIRO LOBATO Urup s. S o Paulo: Globo, 2007. Vocabul rio: 1 balda - defeito habitual, mania 2 arrostar - encarar sem medo 3 rosilho - cavalo de pelo avermelhado 4 sofrear - conter 5 biltre - homem vil, infame 6 queixada - esp cie de porco-do-mato 7 tranca - indiv duo ordin rio, de mau car ter 8 caipora - indiv duo azarado 06 Observe as express es destacadas nos fragmentos abaixo. Ai, ai, ai! Quando tal carta penetrou na Espiga houve rugidos de c lera, entremeio a bufos de vingan a. ( . 12-13) Toma, toma fazenda, ladr o! e lepte, lepte, finca-lhe rijas rabadas col ricas. ( . 27-28) Classifique essas express es e explicite o valor estil stico de cada uma. 9 l ngua portuguesa / literatura brasileira 07 O personagem Trancoso caracterizado de diferentes formas ao longo do texto. Indique duas caracteriza es que contrastam entre si, apresentando o ponto de vista que justifica cada uma. 08 Observe a ora o: Desta vez, compro-lhe a fazenda. ( . 23) Classifique sintaticamente o pronome pessoal. Em seguida, reescreva a ora o, substituindo-o por outra palavra de igual valor, mantendo o sentido original. 10 VESTIBULAR ESTADUAL 2010 2 fase EXAME DISCURSIVO l ngua portuguesa / literatura brasileira Texto IV televis o Teu boletim meteorol gico me diz aqui e agora se chove ou se faz sol. Para que ir l fora? 5 A comida suculenta que p es minha frente como-a toda com os olhos. Aposentei os dentes. Nos dramalh es que encenas 10 h tamanho poder de vida que eu pr prio nem me canso em viver. Guerra, sexo, esporte me d s tudo, tudo. 15 Vou pregar minha porta: j n o preciso do mundo. JOS PAULO PAES Prosas seguidas de odes m nimas. S o Paulo: Companhia das Letras, 2002. 11 l ngua portuguesa / literatura brasileira 09 Considere a estrofe a seguir. Nos dramalh es que encenas h tamanho poder de vida que eu pr prio nem me canso em viver. ( . 9-12) Identifique a primeira ora o da estrofe, classifique sintaticamente a segunda ora o e aponte a circunst ncia adverbial expressa pela terceira ora o. 10 No texto IV, Jos Paulo Paes faz uma reflex o cr tica sobre a televis o. Em cada estrofe do poema h um verso que estabelece uma progress o tem tica. Aponte esses versos e explique como eles contribuem para essa progress o. 12 VESTIBULAR ESTADUAL 2010 2 fase EXAME DISCURSIVO rascunho 13 rascunho 14 VESTIBULAR ESTADUAL 2010 2 fase EXAME DISCURSIVO rascunho 15 13/ 12/ 2009 LP - LB PADR O DE RESPOSTAS 1 As camisolinhas Objeto direto pleon stico Lentos: d destaque ao movimento dos cabelos. 2 Porque normalmente empregado para qualificar a dura o de algo, que n o o caso dos cabelos. Infecundas: enfatiza a ideia de que as piedades foram in teis, n o tiveram efeito. Porque n o costuma ser empregado para caracterizar um sentimento, mas a terra, os animais, os homens. navalhante: deriva o sufixal 3 radical navalh + vogal tem tica a + sufixo nte homem-feito: composi o por justaposi o substantivo homem + partic pio / adjetivo feito 4 Duas das figuras: an fora repeti o an strofe hip rbole grada o Amplifica o do sentimento de solid o e de vazio, que se estende ao mundo todo. Vem 5 2 pessoa do singular Imperativo Interjei o Expressa contrariedade. 6 Onomatopeia Reproduz o som das rabadas col ricas. 13/ 12/ 2009 LP - LB Um dos pares: ladr o, biltre ou tranca / Moreira tem contas a ajustar com Trancoso cavaleiro gentil dos seus dourados sonhos / Zilda via em Trancoso a possibilidade do casamento ladr o, biltre ou tranca / Moreira tem contas a ajustar com Trancoso am vel pretendente / o narrador ir nico 7 comedor de bolinhos, papa-manteiga ou ladr o de ovo e car / a sogra v Trancoso como ladr o e aproveitador cavaleiro gentil dos seus dourados sonhos / Zilda via em Trancoso a possibilidade do casamento am vel pretendente / o narrador ir nico de bolinhos, papa-manteiga ou ladr o de ovo e car / a sogra v Trancoso como ladr o e aproveitador comedor 8 objeto indireto Desta vez, compro a sua fazenda. Nos dramalh es h tamanho poder de vida 9 Ora o subordinada adjetiva restritiva Consequ ncia Para que ir l fora? Aposentei os dentes. 10 nem me canso em viver. j n o preciso do mundo. Os versos assinalam uma gradual desumaniza o provocada pela exposi o excessiva televis o.

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