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UERJ Vestibular de 2007 - Exame Discursivo - Língua Portuguesa / Literatura Brasileira

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L NGUA PORTUGUESA / LITERATURA BRASILEIRA COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA S QUEST ES DE N MEROS 01 A 04. TEXTO I Era um domingo. 5 Luc ola O novo ano tinha come ado. A bonan a que sucedera s grandes chuvas trouxera um dos sorrisos de primavera, como costumam desabrochar no Rio de Janeiro dentre as fortes trovoadas do estio. As rvores cobriam-se da nova folhagem de um verde tenro; o campo aveludava a macia pel cia da relva, e as frutas dos cajueiros se douravam aos raios do sol. Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evapora es das guas, refrescava a atmosfera. Os l bios aspiravam com del cias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulm es fatigados de uma respira o rida e miasm tica. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza fluminense, da qual as belezas de todos os climas s o convivas. 10 15 Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de L cia; o meu pensamento por m abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amiga. Havia oito dias que L cia n o andava boa. A fresca e vivace expans o de sa de desaparecera sob uma langue morbidez que a desfalecia; o seu sorriso, sempre ang lico, tinha uns laivos melanc licos, que me penavam. s vezes a surpreendia fitando em mim um olhar ardente e longo; ent o ela voltava o rosto de confusa, enrubescendo. Tudo isto me inquietava; atribuindo a sua mudan a a algum pesar oculto, a tinha interrogado, suplicando-lhe que me confiasse as m goas que a afligiam. N o digas isto, Paulo! respondia com um tom de queixa. Posso ter pesares junto de ti? uma ligeira indisposi o; h de passar. 20 De bem longe avistei L cia que me esperava e me fez um aceno de impaci ncia; apressei o passo para alcan ar o port o do jardim. Ela estendeu-me as m os ambas risonha e atraindo-me, reclinou-se sobre o meu peito com um gracioso abandono. Sentamo-nos nos degraus da pequena escada de pedra, e informei-me de sua sa de. J estou boa. N o v s? 25 Realmente as rosas de suas faces vi avam; era cintilante o brilho que desferia a sua pupila negra. Pelos l bios midos lentejava a onda perene de um sorriso, que orvalhava-lhe o semblante de luz e gra a. Ainda bem! J me habituaste a s achar bonito aquilo que vejo atrav s do teu mimoso sorriso. Agora que eu come o a gozar desta linda manh . Trocamos ainda algumas palavras. 30 De repente L cia atirou-se a mim. Com uma arrebatada veem ncia esmagou na minha boca os l bios t rgidos, como se os prurisse fome de beijos que a devorava. Mas desprendeu-se logo dos meus bra os, e fugiu veloz, ardendo em rubor, sorvendo num solu o o seu ltimo beijo. Fugiu, e ao passar fechou a porta que comunicava com o interior. 35 Contrariado por este obst culo, consolei a minha impaci ncia com o sabor da esperan a que se insinuara no meu cora o. A f ria amorosa dos primeiros tempos, recalcada por uma for a misteriosa, despertava. Outra vez a febre voluptuosa nos arrebataria para abrir-nos a mans o do prazer e dos m gicos deleites. (ALENCAR, Jos . Romances ilustrados de Jos de Alencar . Rio de Janeiro: J. Olympio, Bras lia: INL, 1977.) 34 Vestibular Estadual 2007 L NGUA PORTUGUESA / LITERATURA BRASILEIRA QUEST O 01 No texto de Jos de Alencar, os elementos liter rios que estruturam a narrativa ajustam-se com perfei o est tica do Romantismo. Observe o fragmento abaixo: Uma brisa ligeira, ainda impregnada das evapora es das guas, refrescava a atmosfera. Os l bios aspiravam com del cias o sabor desses puros bafejos, que lavavam os pulm es fatigados de uma respira o rida e miasm tica. Os olhos se recreavam na festa campestre e matutina da natureza fluminense, da qual as belezas de todos os climas s o convivas. Subia a passo curto e repousado a ladeira de Santa Teresa, calculando a hora de minha chegada pelo despertar de L cia; o meu pensamento por m abria as asas, e precedendo-me, ia saudar a minha doce e terna amiga. (l. 6 - 12) Identifique dois desses elementos liter rios e explique como cada um deles se relaciona aos princ pios est ticos do Romantismo. QUEST O 02 QUEST O 03 No texto de Jos de Alencar, o narrador usa o recurso do flashback, ou seja, a inser o de um evento ocorrido antes do epis dio narrado. Identifique o in cio e o final do trecho em que ocorre o flashback e indique dois aspectos ou express es que permitem identific -lo. Realmente as rosas de suas faces vi avam; era cintilante o brilho que desferia a sua pupila negra. (l. 25) No trecho acima h um per odo constitu do de tr s ora es. Os termos essenciais da segunda e terceira ora es est o colocados na ordem inversa. Transcreva separadamente estas duas ora es. Em seguida, forme com elas um novo per odo composto, de modo que o sujeito de cada uma seja colocado antes do respectivo predicado. QUEST O 04 Se o romance Luc ola fosse narrado de uma perspectiva externa, tanto L cia quanto Paulo seriam identificados por pronomes de terceira pessoa. Considere o seguinte trecho: De bem longe avistei L cia que me esperava e me fez um aceno de impaci ncia; apressei o passo para alcan ar o port o do jardim. Ela estendeu-me as m os ambas risonha e atraindome, reclinou-se sobre o meu peito com um gracioso abandono. Sentamo-nos nos degraus da pequena escada de pedra, (l. 20 - 22) Reescreva-o do ponto de vista externo, com especial aten o para as adapta es que dever o ser feitas nas formas pronominais e verbais. Exame Discursivo 35 L NGUA PORTUGUESA / LITERATURA BRASILEIRA COM BASE NOS TEXTOS II E III, RESPONDA S QUEST ES DE N MERO 05 A 10. TEXTO II Jardim da inf ncia 5 Qualquer vegetal, p ssaro, inseto ou tremor de vento e onda me tocam mais que o mais acr lico artefato e platinado a o da sala. H dois minutos um bem-te-vi pousou nas grades do terra o, beliscou algo amarelo e livre se foi marrom para o telhado. 10 15 Ah, minhas mesas, m veis, cama. Eu n o amaria sequer esses livros se n o soubesse da mat ria org nica condensada em suas p ginas. Periquitos se co am e piam na gaiola fazendo amor sobre os poleiros entre olhagens que me folham. Estou comprando esses fasc culos com tudo sobre plantas. Tanto mais eu vivo mais quero saber de ard sias e boc rnias, peper nias e glox nias. 20 25 30 N o sei como puderam nascer sem mim, em outras terras, as edelweiss, blue bonnets, tulipas e cerejeiras. Como pude respirar todo esse tempo sem a diferen a entre hibiscos e gard nias, confundindo tumb rgias com hipocampos, dama-da-noite com dama das cam lias, eu, desmemoriado cavaleiro da rosa, sem brincos de princesa, trombetas e espadas de S o Jorge, mal sabendo que era na casa de Tia Antonieta que nasciam as violetas africanas. (SANT ANNA, Affonso Romano de. Que pa s este? e outros poemas. Rio de Janeiro: Civiliza o Brasileira, 1980.) 36 Vestibular Estadual 2007 L NGUA PORTUGUESA / LITERATURA BRASILEIRA TEXTO III Vila dos confins N o h bicho mais velhaco do que urubu roceiro, morador em zona de cria o, mal-acostumado pelo daninho v cio de comer umbigo de bezerro rec m-parido. 15 L est o peste, de plant o. Refestelado1 que s ele, no galho alto do p de angico esquecido no meio do pasto. Passa homem, passa mulher e menino, passa boi, cavaleiro passa. A gente dobra o corpo, deita m o em pedra. O urubu raciocina: mede o mal-inclinado do passante, calcula o tamanho e o peso da pedra, adivinha at aonde pode chegar aquele meio quilo de maldade. Pensa, pensa e repensa ligeiro, e continua pousado do mesm ssimo jeito. A cabo-verde al a v o, zunindo, e vai bater no tronco do p de angico, dois metros abaixo do alvo: beleza de tinido faz a pedrada, que o pau seco, rijo, ocado pelo fogo por isso mesmo sonoroso tamb m. H tipos que respondem com fedorento arroto de desprezo. Outros, por m, mal abrem o bico em um bocejo de pouco caso e repegam no cochilo: soneca matreira, que est o mas de olho fechado de mentira, tomando nota de tudo quanto acontece de importante pela redondeza. A gente grita, xinga, sapateia, se desespera e berra os mais feios palavr es. Que o qu ! Urubu nem cheirou nem fedeu. E continua quentando sol, vigiando a vaca chegadinha no amojo2 que, mais hora menos hora, solta a cria ainda boba do susto no rapado jaragu 3 do pastinho-de-bezerro. 20 O fazendeiro busca em casa a fogo-central e volta ao pasto, disposto a acabar com a maldita assombra o. Do alto do pau, o urubu pombeia4 a provid ncia. E, quando o enjerizado aponta na porteira do curral, longe ainda, mas de espingarda na m o, o urubu galeia 5 as juntas das pernas engomadas de piche, estica as asas de picum , e demuda de pouso. Comigo n o, viol o! De pau-defogo n o n o, Seu Basti o! 5 10 Vai-se embora o negro-preto, voando barulhento que nem m quina de trem de ferro subindo ladeira custosa, fluque-fluque, fluque-fluque. Bicho excomungado! (PALM RIO, M rio. Vila dos confins. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1976.) Vocabul rio: 1 refestelado acomodado despreocupadamente 2 amojo disponibilidade de leite para a amamenta o 3 jaragu esp cie de capim 4 pombeia observa, espreita 5 galeia sacode, balan a QUEST O 05 O tema da inf ncia est muito presente na trajet ria l rica brasileira desde o s culo XIX. O poeta Casimiro de Abreu a retratou pela tica do Romantismo em um texto famoso e representativo: Meus Oito Anos Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida Da minha inf ncia querida Que os anos n o trazem mais! (ABREU, Casimiro. Obras de Casimiro de Abreu . Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1955.) No texto II, por m, apresenta-se uma outra imagem da inf ncia. Transcreva os versos do poema de Affonso Romano de Sant Anna que remontam inf ncia e explique a diferen a na abordagem do tema pelos dois poetas. Exame Discursivo 37 L NGUA PORTUGUESA / LITERATURA BRASILEIRA QUEST O 06 Considere as seguintes express es extra das do texto III: aquele meio quilo de maldade. (l. 6) a maldita assombra o. (l. 16 - 17) Elas revelam sentimentos de certos personagens e repetem alguma informa o dada em outra parte do texto. Correlacione cada express o ao respectivo personagem e indique o elemento do texto a que cada uma se refere. QUEST O 07 QUEST O 08 A prosa de fic o modernista desdobrou-se em v rias correntes. O texto III, do romancista mineiro M rio Palm rio, representa um desses desdobramentos. Identifique duas caracter sticas marcantes da linguagem do texto e cite um exemplo para cada uma delas. Apreendemos o significado de muitas palavras gra as a rela es que podemos estabelecer entre elas e outras que j conhecemos, como acontece com porteira, derivada de porta. Existem em portugu s diferentes recursos para derivar palavras, e as formas derivadas podem pertencer mesma classe ou a uma classe diferente da forma primitiva. As palavras daninho e bocejo, presentes no texto III, s o uma prova disso. Explique como cada uma destas palavras foi criada morfologicamente a partir da respectiva forma primitiva. QUEST O 09 Observe os adjetivos sublinhados nas seguintes passagens dos textos II e III, respectivamente: e livre se foi marrom para o telhado. (l. 8) Vai-se embora o negro-preto, voando barulhento que nem m quina de trem de ferro ( l. 21) Ambos exercem a mesma fun o sint tica, mas apenas no exemplo extra do do poema a constru o gramatical surpreende o leitor com um efeito estil stico especial. Identifique a fun o sint tica comum aos adjetivos sublinhados. Em seguida, explique por que o efeito estil stico surpreendente apenas no exemplo extra do do poema. QUEST O 10 O emprego das palavras com finalidade art stico-expressiva envolve recursos variados, dois dos quais est o exemplificados nas formas sublinhadas nas seguintes passagens dos textos II e III, respectivamente: entre olhagens que me folham. (l. 15) subindo ladeira custosa, fluque-fluque, (l. 21 - 22) Nomeie o recurso ling stico empregado em cada passagem e descreva o valor estil stico de cada um. 38 Vestibular Estadual 2007 10/12/2006 L ngua Portuguesa / Literatura Brasileira PADR O DE RESPOSTAS (VALOR DE CADA QUEST O = 2 PONTOS) Quest o Resposta Elemento: foco narrativo na 1 pessoa. Uma dentre as explica es: expressa a subjetividade do narrador 1 manifesta o ponto de vista pessoal do narrador Elemento: espa o f sico ou natural Explica o: nfase na cor local De Havia oito dias at h de passar. Dois dentre os aspectos ou express es: 2 Havia oito dias desaparecera a tinha interrogado, as palavras dirigidas por L cia a Paulo no trecho indicado Segunda ora o: era cintilante o brilho 3 Terceira ora o: que desferia a sua pupila negra. o brilho que a sua pupila negra desferia era cintilante. 4 De bem longe Paulo avistou L cia que o esperava e lhe fez um aceno de impaci ncia; ele apressou o passo para alcan ar o port o do jardim. Ela estendeu-lhe as m os ambas risonha e atraindo-o, reclinou-se sobre o seu peito com um gracioso abandono. Sentaram-se nos degraus da pequena escada de pedra, mal sabendo que era na casa de Tia Antonieta / que nasciam as violetas africanas. 5 Em Meus Oito Anos, a inf ncia uma fase da vida idealizada como uma felicidade irremediavelmente perdida; em Jardim de Inf ncia, trata-se de um tempo em que temos contato com situa es que podemos vir a conhecer melhor, ou de outro modo, mais tarde. aquele meio quilo de maldade / urubu pedra 6 a maldita assombra o / fazendeiro - urubu 10/12/2006 L ngua Portuguesa / Literatura Brasileira Duas dentre as caracter sticas e um dentre os poss veis exemplos: emprego de um tom coloquial Que o qu !, L est o peste, de plant o, Refestelado que s ele uso de express es regionais p de angico, 7 quentando sol, rapado jaragu , pombeia, enjerizado uso de linguagem oral arroto de desprezo, a gente, Urubu nem cheirou nem fedeu, que nem Daninho adjetivo criado por deriva o sufixal a partir do substantivo dano. 8 Bocejo substantivo criado por deriva o regressiva a partir do verbo bocejar. Predicativo do sujeito. 9 O adjetivo marrom indica a cor natural do p ssaro, mas empregado como predicativo serve para qualificar o movimento. Neologismo. 10 A troca da primeira s laba das palavras originais exprime uma confus o de sensa es. Onomatop ia. O uso de sons e formas repetidos imita o ru do provocado pelo bater das asas do urubu.

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